A até então cordial aliança entre Elon Musk, dono da Tesla e SpaceX, e o ex-presidente Donald Trump deu lugar a um rompimento público recente. Musk havia apoiado Trump na campanha de 2024 e chegou a participar do governo republicano, mas agora ambos trocam farpas em público. Segundo análise de veículos de imprensa, a relação “encerra uma montanha-russa” iniciada em meados de 2024, quando Musk inicialmente endossou Trump na eleição. Na última quinta-feira, Trump declarou no Salão Oval que estava “muito decepcionado” com Musk após críticas do empresário a um plano de gastos republicano, e ameaçou retaliar seus interesses. Em resposta às acusações, Musk fez publicações nas redes sociais afirmando que Trump “não teria sido eleito sem o meu apoio” e chegou a sugerir a formação de um novo partido político voltado aos moderados.
Os ataques entre os dois líderes se intensificaram pelas redes sociais. Trump chegou a propor o fim de “subsídios e contratos governamentais” que beneficiam as empresas de Musk – em especial a Tesla e a SpaceX – como forma de cortar gastos público. Numa postagem na plataforma Truth Social, ele escreveu que seria “a maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares” acabar com tais subsídios. Musk reagiu ironicamente no X (antigo Twitter), dizendo que Trump não teria obtido um segundo mandato sem seu apoio (“Que ingratidão”), além de acusar o presidente de mentir ao afirmar ter pedido a seu favor que Musk deixasse o governo. Após breve troca de críticas, Musk chegou a afirmar que suspenderia temporariamente um teste de espaçonaves da SpaceX em retaliação às tarifas propostas por Trump, mas depois voltou atrás por conselhos de seguidores.
O embate tem consequências políticas e econômicas palpáveis. No mercado financeiro, por exemplo, as ações da Tesla sofreram forte volatilidade: chegaram a cair mais de 14% em dias recentes de intensificação do conflito. A SpaceX, que depende de contratos governamentais de transporte espacial, também está em alerta – estima-se que cerca de US$ 22 bilhões em contratos com a Nasa e o Pentágono podem ser afetados caso Trump realmente retire apoio à empresa. Além disso, planos de Trump para reverter padrões de emissões federais podem eliminar um mercado de créditos de carbono que valia bilhões para a Tesla. Por outro lado, analistas apontam que substituir a SpaceX em programas espaciais não é tarefa simples, dada sua posição dominante e falta de concorrentes à altura.
Na esfera política, a cisão reflete tensões nas bases de apoio de ambos. Os seguidores de Trump – em sua maioria conservadores republicanos – veem Musk como alguém ingrato por suas críticas, enquanto fãs de Musk, que incluem entusiastas de tecnologia e votantes moderados, sentem-se traídos pelo comportamento de Trump. Musk chegou a realizar enquete em sua rede perguntando se os americanos precisavam de um novo partido, recebendo 80% de respostas favoráveis. O bilionário sugeriu até o nome “Partido da América” para esse movimento centrista. Do lado de Trump, o presidente afirmou em entrevista que seu relacionamento com Musk “acabou” e declarou não ter intenção de restabelecê-lo, mesmo evitando por ora mexer nos contratos de serviços essenciais da Starlink e da SpaceX.
Por fim, especialistas avaliam que a briga pode ter impactos duradouros. No plano político, ela sinaliza uma divisão inesperada dentro do círculo de poder republicano, com um dos principais empresários do setor de tecnologia se distanciando do presidente. No campo tecnológico e de negócios, a disputa pode trazer restrições regulatórias e contratuais às empresas de Musk, enquanto a Tesla, a SpaceX e até sua rede social X observam como as relações com o governo federal se transformarão. Em resumo, o embate recente entre Musk e Trump marca o fim da aliança aberta que haviam mantido, colocando sob tensão não apenas carreiras políticas, mas também bilhões em investimentos e contratos governamentais.